Mesa analógica Mesa digital
Hoje nós vamos falar sobre a mesa de som. Vamos falar sobre ganho, equalizadores, auxiliares, subgrupos...enfim, vamos detalhar o funcionamento da mesa de som e traçar um paralelo entre mesa analógica e mesa digital.
O que é uma mesa de som?? A mesa de som é o equipamento onde é feito a mistura e processamento de sinais. Ela recebe tantos os sinais de microfone quanto de linha, e é nela que nós equalizamos, colocamos efeito, mixamos e mandamos pras caixas de P.A, pra retorno ou se for em um estúdio, pra gravação. Existem dois nomes para esse equipamento: uns chamam ele de mesa de som, já outros chamam ele de CONSOLE. Existem várias consoles no mercado, uns com muitos canais e recursos e outros, com poucos canais e recursos. Nesse texto vamos utilizar como base a mesa analógica Yamaha MG24, que é a mesa da foto ali em cima. Já quando fomos falar de mesas digitais, vamos falar um pouco sobre a Behringer X32, que é a mesa da foto ali em cima. Bora lá??
Entradas Mic, Line e Insert
Entradas MIC (XLR) são pra microfones e instrumentos com o Direct Box, entrada LINE (P10) são para sinais de linha, como por exemplo: instrumentos sem o Direct Box, computadores, celulares... enfim. Já o INSERT é uma saída e uma entrada ao mesmo tempo. A gente usa o Insert quando quer colocar um equipamento como compressor, gate, processador de efeitos ou equalizador externo no canal. Funciona dessa maneira: pra essa conexão, é necessário um cabo chamado de "cabo Y", que é um cabo de três pontas. Uma ponta vai no Insert da mesa, outra ponta vai na entrada do equipamento e outra, na saída. Quando tem algum equipamento insertado, o sinal chega na mesa, vai pro equipamento que está insertado e volta pra mesa pelo mesmo conector. Lembrando que, quando tem algum equipamento insertado, o sinal não passa direto, ele vai pro equipamento e depois volta pra mesa. Por causa disso, se você ligar um cabo no Insert sem estar ligado a nada, o som vai parar.
Ganho
O primeiro ajuste do canal da mesa é o ganho. O ganho nada mais é do que um ajuste de sensibilidade, ou seja: um ajuste do volume de entrada da mesa. O ganho é a primeira coisa que ajustamos quando ligamos a mesa, e fazemos isso acionando o PFL, colocando o fader do volume do canal em 0db, colocando o fader do master LR também em 0db também e ajustando o ganho até o meter da mesa bater no 0db. Não sabe o que é PFL, fader de volume do canal, master LR e meter?? Calma! Vamos explicar mais pra frente.
Esse ajuste é feito com o objetivo de ter um bom nível de sinal entrando na mesa. O sinal não pode entrar baixo, mas também não pode "clipar". O que é clipar?? É quando o sinal está alto demais e está distorcido, estourado.
PAD e Low Cut
Abaixo do ganho está o PAD e o Low Cut. O PAD serve para baixar o sinal e a gente usa quando o sinal está vindo alto demais, mesmo com o ganho baixo. Já o Low Cut serve para cortar os sons graves do canal. Usamos o Low Cut para cortar os "pufs", que é do que vento entrando no microfone, e filtrar o som que entra na mesa. Quando o instrumento não emite um som grave, nós ativamos o Low Cut para cortar os graves que possam vir e sujar nossa mixagem. Esse filtro corta os graves em 75, 80 hertz dependendo do modelo e do fabricante. A maioria das mesas de pequeno porte não tem o PAD, apenas o Low Cut.
A parte onde está o ganho, PAD e Low Cut a gente chama de "pré-amplificador", pois lá o sinal é amplificado para que possamos trabalhar com ele na nossa mixagem.
Equalização
Embaixo do pré-amplificador, temos a sessão de equalização, que é composto de três ou quatro bandas de frequência. Lá nós temos o HIGH, que é o agudo; o MID, que é o médio e o LOW, que é o grave. Algumas mesas possuem quatro bandas de equlização, sendo uma delas o MID LOW, que é o médio-grave. Na MG24, o equalizador do médio dela é semi-paramétrico, ou seja: tem dois knobs. Em um escolhemos a frequência que o equalizador do médio atuará e em outro, atenuamos ou reforçamos a frequência. Agudo e grave são equalizadores do tipo Shelving, ou seja: frequência fixa, definida pelo fabricante; e o médio é do tipo semi-paramétrico, ou seja: você pode escolher a frequência que o equalizador atuará. Isso, na MG24.
Knob - são os famosos "botões de girar"
Atenuação - é quando abaixamos uma frequência
Reforço - quando aumentamos uma frequência
Auxiliares
Utilizamos os auxiliares para mandar som pra retornos no palco, pra utilizar processadores de efeito externo e algumas pessoas utilizam pra mandar o sinal para subs, que são caixas de subgrave. Quando você ajusta os auxiliares, você está mandando som pras saídas AUX SEND (P10). Quando se utiliza auxiliares pra mandar som pra processadores de efeito externos, o som do efeito volta pra mesa através das entradas AUX RETURN. A MG24 tem seis vias auxiliar.
Um detalhe sobre os auxiliares é que, na maioria das mesas, existe como você deixar eles em PRÉ FADER ou POST FADER. Pré fader é "antes do fader", e post fader é "depois do fader". Quando está no post fader, quando você altera o volume no fader do canal, também altera nos auxiliares; já no pré fader não. Vamos supor que eu tenho uma guitarra entrando na mesa e essa guitarra tá alta no P.A. Se o auxiliar estiver no post fader, quando eu for abaixar o volume da guitarra no fader do canal, também vai baixar o volume no retorno do guitarrista. Já se estiver no pré fader, se eu for abaixar o volume do canal, o retorno do guitarrista permanece inalterado. Você pode definir se o auxiliar do canal vai ficar em pré ou post fader através da tecla que fica na sessão de auxiliares
FX
A MG24 possui dois processadores de efeitos integrado, e a via FX é um auxiliar que serve para mandar o sinal para esse processador. Falaremos mais adiante sobre a sessão de efeitos.
PAN
PAN vem de PANORAMA. Quando o sistema está montado em estéreo, o pan serve para definir em qual caixa aquele canal vai sair: na caixa da direita ou na caixa da esquerda. No meio, o som sai nas duas caixas por igual. Quando estamos utilizando subgrupos, o pan serve para definir em qual subgrupo aquele canal estará. Falaremos de subgrupos mais adiante.
Lembrando que, do ganho até o pan tem um nome, chama-se CHANNEL STRIPP
PFL
A sigla PFL vem de "Pre Fader Listen". O PFL serve para você monitorar o canal. Quando você ativa essa função, ela envia o sinal que está entrando no canal para o meter e para a saída de fones de ouvido, para que o técnico de som possa monitorar o canal. O sinal é enviado mesmo com o fader do canal fechado ou com o canal desligado/no mute
MUTE/ ON
Nas mesas da Yamaha essa tecla se chama ON, já nas outras mesas se chama MUTE. Serve para mutar o canal.
Endereçamento
Serve para definir aonde som daquele canal vai ir: se vai pro master LR ou se vai pros subgrupos.
Fader
É o volume do canal. Nele, você ajusta o volume do canal nas caixas de P.A ou na gravação, caso a mesa esteja sendo utilizada em estúdio. Nas mesas digitais, os faders são motorizados. [
Subgrupos
Servem para criar grupos de mixagem. Por exemplo: eu tenho um sexteto com três vozes femininas e três masculinas. As três vozes femininas eu mando pra um grupo e as três vozes masculinas, pra outro. Vamos supor que as vozes femininas estão muito altas, ao envés de abaixar as vozes lá nos canais uma por uma, vou lá no grupo onde elas estão e abaixo todas de uma vez. Nas mesas digitais, é possível colocar equalização, efeitos, compressor ou outros tipos de processamento nos grupos.
Quando você aperta ALT 1-2, por exemplo, o som daquele canal vai pro subgrupo 1 e 2. Tem como mandar só pro subgrupo 1?? Tem! E pra isso nós utilizamos o pan. Quando viramos ele pra um lado, o som vai pra o subgrupo 1 e quando viramos pro outro lado, vai pro 2. Cada grupo tem uma saída P10 que é utilizada para usos diversos, e tudo que o que você mandar pra pro grupo, sairá na saída correspondente a ele. As pessoas geralmente usam saídas de subgrupos pra mandar sinal pra sub
Efeitos
Como já disse, na Yamaha MG24 existe dois processadores de efeitos, e cada processador tem um fader onde você pode controlar o volume do efeito. Na sessão de efeitos também existe knob onde você pode escolher o efeito desejado ajustar os parâmetros.
Master LR
Cada fabricante dá um nome para esse volume da mesa: em algumas mesas está como MAIN OUT, outras como ESTÉREO OUT, outras de LR, enfim... eu particularmente chamo de LR. O que é isso?? É o volume geral da mesa. Ele controla as saídas LR, de onde sai os sinais que vão pras caixas do P.A ou pra gravação.
Meter
Também chamados de V.U, são aquelas barras de led que indicam a intensidade do sinal, e estão divididas em três cores: verde, amarelo e vermelho. Na MG24 existem dois meters: um mostra o PFL e outro mostra o AFL, ou seja: o sinal que está saindo nas saídas LR.
Phantom Power
É uma alimentação que a mesa envia para alimentar microfones condensadores ou Direct Box ativos, e funciona através de conexão balanceada (XLR).
Talkback
É um meio de comunicação entre o técnico de som e músicos no palco. Quando o técnico quer falar com os músicos no palco, ele liga um microfone nessa entrada e fala com eles via retorno principal. Também é possível falar nas caixas de P.A através do Talkback.
E NAS CONSOLES DIGITAIS??
Já que sabemos um pouco sobre as mesas analógicas, vamos falar sobre as mesas digitais. Na mesa digital, depois que o sinal passa pelo pré-amplificador, ele passa por um conversor que converte o sinal analógico em digital,e depois na hora de sair da mesa, ele passa por outro conversor que vai converter em analógico novamente. As mesas digitais tem mais recursos do que as mesas analógicas, pois tem compressor, gate, equalizador gráfico, DCA/VCA, plug ins e outras coisas mais.
As mesas analógicas tem um Channel Stripp por canal, certo?? Já nas mesas digitais é assim: tem lá o equalizador e se eu quiser equalizar um canal, primeiro eu tenho que selecionar aquele canal. Também existe o "patch", que é onde você define qual entrada o canal vai receber o som, pois diferente das mesas analógicas onde entrada 1 manda som pro canal 1 e por aí vai, nas mesas digitais você define qual entrada aquele canal vai receber o sinal. Na mesa Behringer X32, mesa que estamos utilizando como exemplo nesse texto, você pode escolher entre as entradas físicas e entradas AES50, que são recebidas via cabo RJ45 (o famoso "cabo de internet"). Através da conexão AES50, é possível mandar e receber 48 canais de outra console, via cabo de rede RJ45. Essa conexão dispensa o uso de multicabo, caso você tenha uma mesa pra P.A e outra para monitor.
Nas mesas digitais as saídas são programáveis, ou seja: é você quem define se saída X vai ser um auxiliar, matrix ou outra coisa. Na X32, as saídas 15 e 16 são o LR. Também existe o VCA (que em algumas mesas é DCA), que nada mais é do que um controle remoto dos faders dos canais. Umas das diferenças entre DCA e grupos, é que nos grupos tem como colocar equalizador, compressor, gate, efeitos e tudo mais, e no DCA não, e no DCA tem como agrupar os masters de auxiliar, matrix e LR, coisa que não tem como fazer nos grupos. Também temos por aqui os "mute groups", que é utilizado quando precisa dar mute em dois ou mais canais.
As mesas digitais tem muitos recursos e se eu fosse falar de todas eles, ficaria horas e horas escrevendo aqui. Porém uma coisa eu gostaria de falar é que na mesa digital existe a facilidade de salvar cenas em um pen drive. Passou o som da banda?? Equalizou, colocou efeito, colocou compressor, mixou e tudo mais?? Pois então você salva tudo aquilo. Quando chegar na hora do evento e aquela banda for tocar, é só você puxar por aquela cena que vai estar tudo ali, do jeito que você deixou. Também é possível rodar cenas de uma ma mesa em outra mesa, e isso é o que faz com que os técnicos de som prefiram mesas digitais hoje em dia, pois dá mais agilidade e praticidade. Hoje em dia em shows e grandes eventos, é tudo console digital.
É isso, gente. Falamos sobre os principais recursos das mesas analógicas e comentamos um pouco sobre mesas digitais. Um pouco só, porque se fossemos falar sobre todos os recursos, o texto ficaria muito grande. Semana que vem falaremos sobre processamento