terça-feira, 9 de junho de 2020

P.A, SUB, RETORNO E OUTRAS COISAS

Chegamos ao fim do nosso fluxo de sinal. Começamos falando sobre microfones e fomos seguindo o fluxo do sinal até chegar aqui. Não fiquei triste! Não é o fim do blog. A partir da semana que vem nós trataremos sobre assuntos aleatórios relacionados ao áudio profissional, sem seguir uma linha igual estávamos fazendo até hoje. Vamos encerrar essa linha falando sobre caixas de som, sobre sistemas de P.A e retorno


O que é P.A??

 P.A vem de "Public Audition", que em português significa "Audição Público". São aquelas caixas que a gente vê nas igrejas ou em grandes shows ou eventos ao lado do palco, voltadas para o público. Os sistemas de P.A são compostos por caixas Point Source ou por caixas Line Array (ou simplesmente Line) 




                             Point Source                                                        Line Array 




E qual é a diferença entre a caixa Point Source e a caixa Line Array?? A diferença está principalmente no ângulo de cobertura. Na caixa Point Source nós temos um falante e um drive acoplado à uma corneta e o formato de propagação é esférico. Na caixa Line também temos um falante e um drive, mas ao envés do drive ser acoplado à uma corneta, ele é acoplado a uma guia de ondas e por causa disso, o formato de propagação é cilíndrico. Existe uma lei chamada de "Lei dos Inversos e dos Quadrados" que diz que a cada dobra de distância, eu tenho 6 db a menos. Se você estiver conversando com uma pessoa e se afastar dela 2 metros, você irá ouvir ela 6 db a menos, e isso é o que acontece com a caixa Point Source. Já na caixa line, por causa do seu formato de propagação ser cilíndrico, essa perca diminui pra 3 db, ou seja: você consegue levar o som com uma distância maior comparando com uma caixa Point Source. Em compensação, a caixa Line Array não tem uma ampla cobertura vertical e por isso precisa ser usada empilhada com outras caixas e com angulação, dependendo do local a ser sonorizado, enquanto que as Point Source tem uma ampla cobertura vertical. Caixas Line costumam ter em torno de 15º de cobertura vertical, já as Point Source chegam aos 90º. 


Sub

 Sub vem de Subwoofer, que no caso são as caixas de grave do nossos sistemas. São caixas que geralmente respondem entre 40 Hertz até uns 100 Hertz, dependendo da marca e do modelo. São instaladas no chão, em baixo do P.A, de Delays, de Front Fills, de Center Fills ou de Side Fills, no palco. Existe vários arranjos de sub como cardióide, gradiente, R45 e outros, cada um com a sua finalidade 

 Sub 
                                                                         


Sistema de Delay

Sistema de Delay é um sistema de P.A, porém mais afastado do palco. São usados para cobrir áreas aonde o P.A principal não cobre. Delay é "atraso" em Inglês e o áudio dessas caixas é atrasado com relação ao P.A principal, para que não haja cancelamento de fase 

Torre de Delay (foto: Tropical Estruturas)

     



Front Fill 

 Em shows e eventos com palco grande, o P.A não consegue cobrir as pessoas que ficam na frente do palco, há um ou dois metros de distância. É por isso que nesse caso existe o Front Fill, que são caixas colocadas na frente do palco. Assim como o Delay, essas caixas também são atrasadas com relação ao P.A, para que não haja cancelamento 

Front Fill 


Center Fill 

 Também tem como finalidade melhorar a cobertura do sistema na frente do palco, e como o próprio nome sugere, é montado no centro dele. Também tem o sinal atrasado pra evitar cancelamento


Out Fill 

É utilizado em eventos onde o comprimento da área do público é muito maior que a do palco. Também é utilizado em eventos em ginásios e estádios e tem a finalidade de aumentar a cobertura do sistema nas laterais. Também tem delay no áudio pra evitar cancelamento de fase. 

                                                                      Out Fill 



Retorno 

 É por onde o cantor ou músico se ouve. Tem duas formas de retorno: via caixas no chão e via fones de ouvido. No retorno via fone de ouvido, o sinal sai da mesa via auxiliar, vai pra um amplificador de fone e depois vai pro fone. Bandas famosas costumam usar sistemas de monitoramento pessoal, como o M-48 da Roland. Cada músico tem o seu retorno individual. 

 Também devemos lembrar que em grandes shows e eventos, há duas mesas: uma que controla os sistemas de retorno e som do palco (essas, nós chamamos de "mesa do monitor") e outra mesa que controla o P.A. A mesa do monitor fica na área do backstage, que é uma área que fica ao lado do palco, e é operada pelo técnico de monitor. Já a mesa do P.A fica na House Mix, que é uma área que fica na frente do palco, há alguns metros de distância deste, e é operada pelo técnico de P.A. 



                Retorno de chão                          Retorno via fone 



Side Fill 

Side Fill são caixas montadas no palco, nas laterais, com a finalidade de que cantor e músicos ouçam o que está saindo no P.A. Como já foi dito, cada músico tem o seu retorno individual, ou seja: o guitarrista tem o retorno dele, o baterista tem o retorno dele, o baixista tem o retorno dele, o pessoal do back tem o retorno dele e por aí vai, além de claro, a voz principal. Cada um ali tem um retorno. Já no side é todos eles juntos, é uma cópia do sinal do P.A. Pelo side, eles conseguem perceber como está o som que vai pro público.

                                                                             Side Fill
                                                                              


 Por hoje é isso. Eu demorei pra escrever esse texto, mas tá aí. De agora em diante, abordarei temas diversos, como alinhamento, arranjos de sub, softwares de medição, softwares de predição e outras coisas. 

Até mais 


domingo, 10 de maio de 2020

AMPLIFICADORES

 Hoje vamos falar sobre amplificadores. Uns chamam de amplificador, já outro chamam de potência. Esse equipamento serve para amplificar o sinal que vai pras caixas acústicas. Pra todo alto falante funcionar, necessita de um amplificador, e quando eu digo todo, é todo mesmo. Até em um radinho de pilha existe um transístor pra amplificar o sinal que vai pro alto falante. Se até um radinho de pilha precisa de amplificação, no nosso sistema de som lá não será diferente. 

 Existem caixas de som que já possuem um amplificador integrado, essas caixas nós chamamos de "caixas ativas". Já as caixas que não possuem amplificador integrado, nós chamamos de "caixas passivas". Jamais deveremos ligar uma caixa ativa na saída de um amplificador, pois pelo fato dela já ter um amplificador integrado, se ligar-mos ela em um amplificador externo, teremos um sinal mega distorcido e por consequência, a queima do CI de saída, do falante ou do driver. Caixas ativas, ou são ligadas direto da mesa, ou são ligada no equipamento que vem antes do amplificador (Ex: equalizador, processador...). Se for precisar ligar no amplificador, ligar na saída "SEND", que é uma saída ligada em paralelo com a entrada. Na saída que vai pra caixa passiva, JAMAIS!


AS CLASSES DE AMPLIFICAÇÃO

Os amplificadores são divididos em várias classes: classe A, classe B, classe AB, classe C, classe D, classe G e classe H. A diferença entre as classes está no estágio de saída do amplificador, ou seja: na forma em que ele amplifica o sinal

Classe A: 

 Classe A foi a primeira classe que surgiu. Os amplificadores lá do tempo do rádio movido a manivela eram classe A. Nessa classe, um único transístor é responsável por amplificar o sinal, tanto sua parte positiva quanto sua parte negativa. Eu sempre digo que o amplificador classe A é a "lâmpada incandescente do áudio", pois pelo fato de ser um par transístor que amplificava todo o sinal, o amplificador aquece muito, gasta muita energia, além apresentar pouco rendimento, pois uns 70% da energia consumida era gasta na forma de calor. Nessa classe, os transístores de saída ficam ligados o tempo todo, independente de haver sinal de áudio na entrada. Possuem uma melhor qualidade, porém o rendimento teórico desse amplificador é de entorno de 25%.


Classe B

 O amplificador classe B surgiu com a finalidade de sanar os problemas de consumo de energia e de rendimento do amplificador classe A. Nessa classe, dois transístores ficam responsáveis pela amplificação: um a parte positiva do sinal e outra, a parte negativa. Enquanto um transístor amplifica a parte positiva, o transístor que amplifica a parte negativa fica desligado, e vice versa. Porém, aqui nessa classe nós temos um problema: existe um tempo em que tanto o transístor da parte positiva quanto o da parte negativa estão desligados, e isso gera uma distorção que nós chamamos de "distorção de crossover". Nessa classe, os transístores ficam ligados somente quando há sinal de áudio. O rendimento teórico desse amplificador é de 78,5%

Classe AB

 Os amplificadores Classe AB foram inventados com a missão de unir a qualidade da classe A com o rendimento da classe B. Aqui também temos dois transístores, um responsável pela amplificação da parte positiva do sinal e outro par para amplificação da parte negativa, porém aqui o transístor do positivo amplifica um pouco do negativo e o transístor negativo amplifica um pouco da parte positiva, assim como mostra a imagem a seguir: 

 Isso fez com que o problema de distorção de crossover fosse eliminado. O rendimento teórico da classe AB é de 50% 


Classe C 

 Amplificadores Classe C não são utilizados em áudio. São amplificadores utilizados em transmissores de rádio e televisão e em aparelhos celulares como amplificadores de RF. Nesse amplificador, o lado negativo do sinal é eliminado, mantendo apenas o lado positivo. 


Classe D

 Muita gente chama essa classe de amplificador de digital, mas o D aqui não vem de digital, mas sim da sequência da classe de amplificadores. O funcionamento do amplificador classe D se dá por meio de um circuito de chaveamento que opera de 100Hz há 200Khz. Esse circuito transforma o sinal de entrada em um sinal de largura variável. Esse amplificador tem o rendimento alto, em torno de 90%.


Classe G:

 Essa classe de amplificador funciona com transistores ligados em série, tanto no lado positivo quanto no lado negativo. Quando os sinal ultrapassa a capacidade de um transístor, o outro é acionado para completar a amplificação, assim reduzindo a distorção. O rendimento dessa classe pode chegar à 70%

Classe H

 Esse amplificador tem a forma de funcionamento parecida com a classe G, porém aqui os transistores são ligados em paralelo. São transistores com tensões diferentes, então quando o sinal possui uma pequena potência o transístor de menor tensão é ligado, e quando o sinal é de maior potência, o transístor de maior tensão é ligado. O rendimento dessa classe se iguala ao da classe G. 


 Existem outras classes de amplificação como classe I e T, mas essas são as classes principais. 



LIGAÇÃO EM SÉRIE/ EM PARALELO

 Antes de nós ligarmos uma caixa de som à um amplificador, é necessário se atentar para a impedância da mesma, pois se você ligar uma caixa com a impedância menor que a saída de um amplificador, irá queimar a saída do mesmo. Se for um amplificador que se preze, entrará em proteção. Você só pode ligar uma caixa com a impedância menor do que a saída do amplificador se for ligar em série com uma outra caixa. 

 Vamos à uma breve explicação sobre ligação em série e em paralelo.

Ligação em série

 A ligação em série é feita dessa forma: negativo com negativo e positivo com negativo. O negativo das duas caixas são ligados no negativo do amplificador e o positivo das duas caixas são ligados amplificador, como mostra a imagem. Nesse tipo de ligação, tanto impedância como potência somam. 


Ligação em paralelo 

 No caso da ligação em paralelo, o positivo do amplificador é ligado no positivo da primeira caixa, o negativo da primeira caixa é ligado no positivo da segunda, e o negativo da segunda é ligado no amplificador. Nessa ligação, a impedância se divide entre as duas caixas e a potência soma. 


 Se a saída do seu amplificador for de 4 Ohms por exemplo, você só poderá fazer ligações de 4 Ohms pra cima, nunca pra baixo. Óbvio que se for uma impedância muito alta, por exemplo: 16 Ohms, terá o problema da perca de potência. Portanto, o ideal é que a ligação apresente uma impedância próxima à impedância de saída do amplificador. 



AMPLIFICAÇÃO EM BRIDGE (OU PONTE)

 Alguns amplificadores tem a possibilidade de operar em modo Bridge, que nada mais é do que combinar os dois canais do amplificador em um único, mais potente. Se o seu amplificador tem 600 Watts com 300 em cada canal, operando em Bridge, terá um canal com os 600 Watts. Lembrando que nesse caso a impedância também soma, portanto se a impedância dos canais for de 4 Ohms, operando em Bridge teremos um único canal com 8 Ohms. 


 Pois bem gente, por hoje é isso. Sexta-feira falaremos sobre sistemas de P.A, sub e retorno.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Classe de amplificadores, de Marcelo S. Motitsuki. Disponível no Autosom.net
http://autosom.net/artigos/classe.htm

Amplificadores de Potência, de Rosalfonso Bortoni, disponível no Som ao Vivo
https://www.somaovivo.org/downloads/Amps01.pdf

sexta-feira, 1 de maio de 2020

UM POUCO SOBRE PROCESSAMENTO

 Você sabe o que é um crossover ou processador?? Não?? Então... como nós estamos seguindo o fluxo do sinal, hoje vamos falar sobre processamento. Começamos falando sobre o que é som e depois começamos a seguir o fluxo do sinal de áudio, falando como o som é captado, como é transportado, passando pela mesa de som e agora vamos falar como ele é dividido em vias e processado. Em uns sistemas de som, a divisão de vias ocorre dentro da caixa de som por meio de capacitores e indutores, e esses eu particularmente chamo de sistemas com divisão passiva. Já em outros, a divisão de vias ocorre através de processadores externos e esses eu chamo de sistemas com divisão ativa. A diferença entre esses dois é que no sistema de divisão ativa, o técnico pode ajustar as frequências de corte; já no de divisão passiva essas frequências são fixas, definidas pelo fabricante das caixas.


O QUE É UM CROSSOVER??


Crossover é um periférico, ou seja: é um equipamento que trabalha junto com a mesa de som, recebendo sinal dela. Sua função é dividir o sinal em vias de agudo, médio, grave e subgrave. Cada via vai para os seus respectivos amplificadores (ou canal do amplificador) e por fim vai pros seus respectivos alto falantes. Nos sistemas de divisão passiva, o crossover (ou divisor de frequências, como é chamado nesse caso) é embutido na caixa de som. Hoje em dia, no áudio profissional, os crossovers foram substituídos por professadores.



PROCESSADOR 

O processador nada mais é do que um crossover com algumas funções a mais. Nele, além de fazer a divisão de vias, é possível fazer ajustes de delay, equalização, colocar limiter nas vias e outras coisas  mais, além de salvar as configurações em cenas, assim como na mesa digital. No processador é possível fazer o ajuste de fase entre uma caixa e outra utilizando a função de delay. Também utilizamos a função de delay do processador para fazer o ajuste de fase e acoplamento do falante com o drive nas caixas. O processador é um equipamento indispensável para fazer o alinhamento de sistemas.


Para entender-mos sobre processamento e vias, precisamos entender sobre faixa de resposta frequência. O que é uma faixa de resposta de frequência?? São os limites em Hertz que o alto falante consegue reproduzir, tanto máximo quanto mínimo. Exemplo: um alto falante que consegue reproduzir de 40 Hz até 200 Hz. Isso quer dizer que sons abaixo de 40 Hz esse alto falante não consegue reproduzir e sons acima de 200 Hz ele também não consegue reproduzir. A função do crossover é deixar ir até esse alto falante somente o que ele reproduz.

Processamento é bem mais que divisão de frequência, mas prefiro deixar para explicar outras coisas quando estiver falando de alinhamento de sistemas. Semana que vem falaremos sobre amplificadores, sobre as classes de amplificação.


Atá mais


sexta-feira, 24 de abril de 2020

A MESA DE SOM









                                                                   Mesa analógica                                                                    Mesa digital                                   

Hoje nós vamos falar sobre a mesa de som. Vamos falar sobre ganho, equalizadores, auxiliares, subgrupos...enfim, vamos detalhar o funcionamento da mesa de som e traçar um paralelo entre mesa analógica e mesa digital.

O que é uma mesa de som?? A mesa de som é o equipamento onde é feito a mistura e processamento de sinais. Ela recebe tantos os sinais de microfone quanto de linha, e é nela que nós equalizamos, colocamos efeito, mixamos e mandamos pras caixas de P.A, pra retorno ou se for em um estúdio, pra gravação. Existem dois nomes para esse equipamento: uns chamam ele de mesa de som, já outros chamam ele de CONSOLE. Existem várias consoles no mercado, uns com muitos canais e recursos e outros, com poucos canais e recursos. Nesse texto vamos utilizar como base a mesa analógica Yamaha MG24, que é a mesa da foto ali em cima. Já quando fomos falar de mesas digitais, vamos falar um pouco sobre a Behringer X32, que é a mesa da foto ali em cima. Bora lá??


Entradas Mic, Line e Insert

Entradas MIC (XLR) são pra microfones e instrumentos com o Direct Box, entrada LINE (P10) são para sinais de linha, como por exemplo: instrumentos sem o Direct Box, computadores, celulares... enfim. Já o INSERT é uma saída e uma entrada ao mesmo tempo. A gente usa o Insert quando quer colocar um equipamento como compressor, gate, processador de efeitos ou equalizador externo no canal. Funciona dessa maneira: pra essa conexão, é necessário um cabo chamado de "cabo Y", que é um cabo de três pontas. Uma ponta vai no Insert da mesa, outra ponta vai na entrada do equipamento e outra, na saída. Quando tem algum equipamento insertado, o sinal chega na mesa, vai pro equipamento que está insertado e volta pra mesa pelo mesmo conector. Lembrando que, quando tem algum equipamento insertado, o sinal não passa direto, ele vai pro equipamento e depois volta pra mesa. Por causa disso, se você ligar um cabo no Insert sem estar ligado a nada, o som vai parar.



Ganho

O primeiro ajuste do canal da mesa é o ganho. O ganho nada mais é do que um ajuste de sensibilidade, ou seja: um ajuste do volume de entrada da mesa. O ganho é a primeira coisa que ajustamos quando ligamos a mesa, e fazemos isso acionando o PFL, colocando o fader do volume do canal em 0db, colocando o fader do master LR também em 0db também e ajustando o ganho até o meter da mesa bater no 0db. Não sabe o que é PFL, fader de volume do canal, master LR e meter?? Calma! Vamos explicar mais pra frente.

 Esse ajuste é feito com o objetivo de ter um bom nível de sinal entrando na mesa. O sinal não pode entrar baixo, mas também não pode "clipar". O que é clipar?? É quando o sinal está alto demais e está distorcido, estourado.


PAD e Low Cut 

Abaixo do ganho está o PAD e o Low Cut. O PAD serve para baixar o sinal e a gente usa quando o sinal está vindo alto demais, mesmo com o ganho baixo. Já o Low Cut serve para cortar os sons graves do canal. Usamos o Low Cut para cortar os "pufs", que é do que vento entrando no microfone, e filtrar o som que entra na mesa. Quando o instrumento não emite um som grave, nós ativamos o Low Cut para cortar os graves que possam vir e sujar nossa mixagem. Esse filtro corta os graves em 75, 80 hertz dependendo do modelo e do fabricante.   A maioria das mesas de pequeno porte não tem o PAD, apenas o Low Cut.

A parte onde está o ganho, PAD e Low Cut a gente chama de "pré-amplificador", pois lá o sinal é amplificado para que possamos trabalhar com ele na nossa mixagem.


Equalização

Embaixo do pré-amplificador, temos a sessão de equalização, que é composto de três ou quatro bandas de frequência. Lá nós temos o HIGH, que é o agudo; o MID, que é o médio e o LOW, que é o grave. Algumas mesas possuem quatro bandas de equlização, sendo uma delas o MID LOW, que é o médio-grave. Na MG24, o equalizador do médio dela é semi-paramétrico, ou seja: tem dois knobs. Em um escolhemos a frequência que o equalizador do médio atuará e em outro, atenuamos ou reforçamos a frequência. Agudo e grave são equalizadores do tipo Shelving, ou seja: frequência fixa, definida pelo fabricante; e o médio é do tipo semi-paramétrico, ou seja: você pode escolher a frequência que o equalizador atuará. Isso, na MG24.

Knob - são os famosos "botões de girar"
Atenuação - é quando abaixamos uma frequência
Reforço - quando aumentamos uma frequência


Auxiliares 

Utilizamos os auxiliares para mandar som pra retornos no palco, pra utilizar processadores de efeito externo e algumas pessoas utilizam pra mandar o sinal para subs, que são caixas de subgrave. Quando você ajusta os auxiliares, você está mandando som pras saídas AUX SEND (P10). Quando se utiliza auxiliares pra mandar som pra processadores de efeito externos, o som do efeito volta pra mesa através das entradas AUX RETURN. A MG24 tem seis vias auxiliar.

Um detalhe sobre os auxiliares é que, na maioria das mesas, existe como você deixar eles em PRÉ FADER ou POST FADER. Pré fader é "antes do fader", e post fader é "depois do fader". Quando está no post fader, quando você altera o volume no fader do canal, também altera nos auxiliares; já no pré fader não. Vamos supor que eu tenho uma guitarra entrando na mesa e essa guitarra tá alta no P.A. Se o auxiliar estiver no post fader, quando eu for abaixar o volume da guitarra no fader do canal, também vai baixar o volume no retorno do guitarrista. Já se estiver no pré fader, se eu for abaixar o volume do canal, o retorno do guitarrista permanece inalterado. Você pode definir se o auxiliar do canal vai ficar em pré ou post fader através da tecla que fica na sessão de auxiliares

FX

A MG24 possui dois processadores de efeitos integrado, e a via FX é um auxiliar que serve para mandar o sinal para esse processador. Falaremos mais adiante sobre a sessão de efeitos.

PAN

PAN vem de PANORAMA. Quando o sistema está montado em estéreo, o pan serve para definir em qual caixa  aquele canal vai sair: na caixa da direita ou na caixa da esquerda. No meio, o som sai nas duas caixas por igual. Quando estamos utilizando subgrupos, o pan serve para definir em qual subgrupo aquele canal estará. Falaremos de subgrupos mais adiante.

Lembrando que, do ganho até o pan tem um nome, chama-se CHANNEL STRIPP

PFL

A sigla PFL vem de "Pre Fader Listen". O PFL serve para você monitorar o canal. Quando você ativa essa função, ela envia o sinal que está entrando no canal para o meter e para a saída de fones de ouvido, para que o técnico de som possa monitorar o canal. O sinal é enviado mesmo com o fader do canal fechado ou com o canal desligado/no mute


MUTE/ ON

Nas mesas da Yamaha essa tecla se chama ON, já nas outras mesas se chama MUTE. Serve para mutar o canal.


Endereçamento

Serve para definir aonde som daquele canal vai ir: se vai pro master LR ou se vai pros subgrupos.


Fader 

É o volume do canal. Nele, você ajusta o volume do canal nas caixas de P.A ou na gravação, caso a mesa esteja sendo utilizada em estúdio. Nas mesas digitais, os faders são motorizados. [

Subgrupos

Servem para criar grupos de mixagem. Por exemplo: eu tenho um sexteto com três vozes femininas e três masculinas. As três vozes femininas eu mando pra um grupo e as três vozes masculinas, pra outro. Vamos supor que as vozes femininas estão muito altas, ao envés de abaixar as vozes lá nos canais uma por uma, vou lá no grupo onde elas estão e abaixo todas de uma vez. Nas mesas digitais, é possível colocar equalização, efeitos, compressor ou outros tipos de processamento nos grupos.

 Quando você aperta ALT 1-2, por exemplo, o som daquele canal vai pro subgrupo 1 e 2. Tem como mandar só pro subgrupo 1?? Tem! E pra isso nós utilizamos o pan. Quando viramos ele pra um lado, o som vai pra o subgrupo 1 e quando viramos pro outro lado, vai pro 2. Cada grupo tem uma saída P10 que é utilizada para usos diversos, e tudo que o que você mandar pra pro grupo, sairá na saída correspondente a ele. As pessoas geralmente usam saídas de subgrupos pra mandar sinal pra sub


Efeitos

Como já disse, na Yamaha MG24 existe dois processadores de efeitos, e cada processador tem um fader onde você pode controlar o volume do efeito. Na sessão de efeitos também existe knob onde você pode escolher o efeito desejado ajustar os parâmetros.


Master LR

Cada fabricante dá um nome para esse volume da mesa: em algumas mesas está como MAIN OUT, outras como ESTÉREO OUT, outras de LR, enfim... eu particularmente chamo de LR. O que é isso?? É o volume geral da mesa. Ele controla as saídas LR, de onde sai os sinais que vão pras caixas do P.A ou pra gravação.


Meter

Também chamados de V.U, são aquelas barras de led que indicam a intensidade do sinal, e estão divididas em três cores: verde, amarelo e vermelho. Na MG24 existem dois meters: um mostra o PFL e outro mostra o AFL, ou seja: o sinal que está saindo nas saídas LR.


Phantom Power

É uma alimentação que a mesa envia para alimentar microfones condensadores ou Direct Box ativos, e funciona através de conexão balanceada (XLR).

Talkback

É um meio de comunicação entre o técnico de som e músicos no palco. Quando o técnico quer falar com os músicos no palco, ele liga um microfone nessa entrada e fala com eles via retorno principal. Também é possível falar nas caixas de P.A através do Talkback.

E NAS CONSOLES DIGITAIS??

 Já que sabemos um pouco sobre as mesas analógicas, vamos falar sobre as mesas digitais. Na mesa digital, depois que o sinal passa pelo pré-amplificador, ele passa por um conversor que converte o sinal analógico em digital,e depois na hora de sair da mesa, ele passa por outro conversor que vai converter em analógico novamente. As mesas digitais tem mais recursos do que as mesas analógicas, pois tem compressor, gate, equalizador gráfico, DCA/VCA, plug ins e outras coisas mais.

 As mesas analógicas tem um Channel Stripp por canal, certo?? Já nas mesas digitais é assim: tem lá o equalizador e se eu quiser equalizar um canal, primeiro eu tenho que selecionar aquele canal. Também existe o "patch", que é onde você define qual entrada o canal vai receber o som, pois diferente das mesas analógicas onde entrada 1 manda som pro canal 1 e por aí vai, nas mesas digitais você define qual entrada aquele canal vai receber o sinal. Na mesa Behringer X32, mesa que estamos utilizando como exemplo nesse texto, você pode escolher entre as entradas físicas e entradas AES50, que são recebidas via cabo RJ45 (o famoso "cabo de internet"). Através da conexão AES50, é possível mandar e receber 48 canais de outra console, via cabo de rede RJ45. Essa conexão dispensa o uso de multicabo, caso você tenha uma mesa pra P.A e outra para monitor.

 Nas mesas digitais as saídas são programáveis, ou seja: é você quem define se saída X vai ser um auxiliar, matrix ou outra coisa. Na X32, as saídas 15 e 16 são o LR. Também existe o VCA (que em algumas mesas é DCA), que nada mais é do que um controle remoto dos faders dos canais. Umas das diferenças entre DCA e grupos, é que nos grupos tem como colocar equalizador, compressor, gate, efeitos e tudo mais, e no DCA não, e no DCA tem como agrupar os masters de auxiliar, matrix  e LR, coisa que não tem como fazer nos grupos. Também temos por aqui os "mute groups", que é utilizado quando precisa dar mute em dois ou mais canais.

As mesas digitais tem muitos recursos e se eu fosse falar de todas eles, ficaria horas e horas escrevendo aqui. Porém uma coisa eu gostaria de falar é que na mesa digital existe a facilidade de salvar cenas em um pen drive. Passou o som da banda?? Equalizou, colocou efeito, colocou compressor, mixou e tudo mais?? Pois então você salva tudo aquilo. Quando chegar na hora do evento e aquela banda for tocar, é só você puxar por aquela cena que vai estar tudo ali, do jeito que você deixou. Também é possível rodar cenas de uma ma mesa em outra mesa, e isso é o que faz com que os técnicos de som prefiram mesas digitais hoje em dia, pois dá mais agilidade e praticidade. Hoje em dia em shows e grandes eventos, é tudo console digital.

 É isso, gente. Falamos sobre os principais recursos das mesas analógicas e comentamos um pouco sobre mesas digitais. Um pouco só, porque se fossemos falar sobre todos os recursos, o texto ficaria muito grande. Semana que vem falaremos sobre processamento




sexta-feira, 17 de abril de 2020

UMA PROSA SOBRE CABOS

Hoje o assunto será sobre eles que são muito importantes no sistema de sonorização, pois são eles que transportam os sinais de áudio. Vamos falar sobre CABOS. Vamos falar sobre os mais variados tipos de conectores e suas aplicações, e sobre os cuidados que devemos ter com os cabos, principalmente na hora de enrolar e guardar. Bora lá??

 Pra começar, vamos falar sobre cabos balanceados e desbalanceados. O que são cabos balanceados?? Cabos balanceados são cabos construídos para eliminarem ruídos provenientes de interferências eletromagnéticas como de de rádios, de celulares  e até ruídos do próprio cabo. No cabo balanceado tem três vias: uma com positivo normal, outra com positivo invertido e outra é a malha de aterramento. O sinal é invertido lá no microfone ou Direct Box e é mandado junto com o sinal normal. Durante o tráfego pelo cabo, o sinal invertido recebe interferências  e quando chega na mesa, ela inverte esse sinal tornando esse sinal, e quando ela inverte, os ruídos que vem junto com o sinal são cancelados. Além disso, como sinais iguais somam,  os dois sinais positivo acabam somando e isso faz com que você tenha um sinal mais alto pra trabalhar.

Existe cabos balanceados e desbalanceados. Cabos balanceados são usados na conexão de microfones e instrumentos (via Direct Box) com a mesa, e na conexão da saída LR da mesa com alguns periféricos, como equalizadores e amplificadores. Já cabos desbalanceados são usados na conexão de instrumentos com a mesa (via Line) e na conexão entre amplificadores e caixas.

Bom... já sabemos o que sã cabos balanceados e desbalanceados, então vamos falar sobre conectores


XLR (OU CANON)

É o conector utilizado em conexões balanceadas.Tem três pinos: o 1 é o negativo (ou positivo invertido, nas conexões balanceadas - fio branco), o 2 é o positivo e o três é a malha. Aceita conexões balanceadas e desbalanceadas

                                         XLR Macho                                                XLR Fêmea 



P10

É o conector utilizado em conexões desbalanceadas, e tem duas variações: TS (Tip Sleeve) e TRS (Tip Ring Sleeve). Aceita conexões desbalanceadas ou sinal mono (no TS) e conexões balanceadas ou sinal estéreo (no TRS). É utilizado tanto na conexão de instrumentos, quanto na conexão de amplificadores e caixas quando a divisão de frequências é feita por crossover passivo, dentro da caixa

Tiip é ponta Inglês, Ring é anel e Sleeve é manga.


Conector TS


A ponta é o TIP e é o positivo, e o corpo é o Sleeve e é o negativo/malha 


Conector TRS 



Como no TS, a ponta (Tip) é o positivo e o corpo (Sleeve) é o negativo/malha. A diferença é que no TRS, entre a ponta e o corpo existe esse anel no meio, que é o Ring e que é o positivo invertido (no caso de conexões balanceadas) ou o positivo do canal direito (no caso de sinal estéreo).


CONECTOR COMBO 

Esse conector foi introduzido no mercado recentemente pela fabricante de cabos Neutrix, e aceita tanto conectores XLR quanto P10. Nas mesas de som e multicabos mais antigos, existe um conector para sinal de microfone (XLR) e um para sinal de linha (P10), certo?? Com o conector Combo, é possível ter tanto sinal de microfone quanto sinal de linha entrando em um mesmo conector.



MULTICABO



O Multicabo é como se fosse uma extensão. Lembra da extensão elétrica que utilizamos quando queremos ligar um aparelho longe da tomada?? Pois é... nós utilizamos o Multicabo quando a mesa de som está instalada longe do palco. A medusa, que é a caixa de metal onde estão os conectores, é colocada ao lado do palco e é nela que são ligados os microfones e instrumentos. O Multicabo serve tanto para levar os sinais do palco até a mesa de som, tanto para levar as vias de retorno até o palco


SPEAKON

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Tem quatro vias (+a, -a, +b e -b) e é utilizado na conexão entre amplificadores e caixas, quando a divisão de frequências é feita por um crossover ou processador externo. Como nesse caso, a divisão é feita por um equipamento externo, há necessidade de ter uma via independente para cada alto falante da caixa. Dessa forma, fica assim: uma via é o negativo, outra via é a de grave e a outra é de médio agudo (no caso de caixas de duas vias) ou uma via de grave, uma via de médio e outra de agudo (no caso de caixas de três vias).



DIRECT BOX


E encerrando essa parte de cabos e conexões, vamos falar sobre o Direct Box. O que é o Direct Box?? É um aparelho que recebe um sinal de impedância alta e transforma em um sinal de impedância baixa, ou seja: recebe o sinal de linha vindo de algum instrumento e transforma em um sinal de microfone. Importante frisar aqui: JAMAIS LIGUE UM INSTRUMENTO NA ENTRADA DE MICROFONE DA MESA SEM O DIRECT BOX. Além de do som ficar estourado por causa do sinal de linha ser um sinal mais alto, você vai queimar o canal da mesa. Lembrando sinal de linha e sinal de microfone, além de níveis diferentes, tem impedâncias diferentes. Instrumentos na entrada de microfone?? Só com o Direct Box. 



É importante salientar aqui o cuidado que a gente deve ter com os cabos. Na hora do culto ou evento, sempre procure organizar os cabos, evite deixar eles bagunçados no chão do palco e na hora de guardar, enrole os cabos com cuidado e guarde direitinho, sempre mantendo a organização. Eu já fui em igrejas em que dava até desgosto de abrir a caixa onde guardavam os cabos, pois era uma massaroca de cabos, uma bagunça que só e o resultado disso era cabos com problema. Organizando os cabos em cima do palco e guardando direitinho, você aumenta a vida útil do cabo. 


Por hoje é só. Semana que vem falaremos sobre a mesa de som 


sexta-feira, 10 de abril de 2020

MICROFONES

Na semana passada nós falamos sobre o que é o som e como ele se propaga no ambiente. Falamos sobre período, comprimento de onda e outras coisas mais. Hoje vamos falar sobre a captação do som. Vamos falar sobre os diversos tipos de microfones, sobre a figura polar dos microfones e sobre microfonia.  Bora aprender mais um pouco sobre áudio?? Começaremos falando sobre os tipos de microfones.


MICROFONES DINÂMICOS


São os chamados "microfones de mão" e são usados para captação de voz e de instrumentos de alta pressão sonora como flautas, trompetes e peças de bateria. A captação de som dele é da seguinte forma: nele existe uma cápsula, e essa cápsula contém um diafragma acoplado a uma bobina, e um imã. Quando você fala, a pressão sonora faz com que o diafragma e a bobina se movimentem. A bobina se movimenta e o campo eletromagnético criado pelo imã faz com que haja corrente elétrica nela, essa corrente elétrica é o sinal de áudio. O funcionamento deste tipo de microfone tem semelhanças com o funcionamento do alto falante, visto que no alto falante também temos uma bobina e um imã. A diferença é que no alto falante, o sinal de áudio é convertido em pressão sonora, já aqui acontece o oposto.




MICROFONES CONDENSADORES

Condensador de diafragma largo                       Condensador de diafragma pequeno 




Conhecidos como "microfones de coral" ou "microfones de estúdio", os microfones condensadores são utilizados para captação de instrumentos de baixa pressão sonora e overs de bateria. Esse microfone possui um diafragma fino que fica perto de uma placa fina de metal, que recebe uma carga elétrica. A pressão sonora faz vibrar o diafragma, alterando a sua capacitância (capacidade de armazenar energia elétrica). O resultado disso é uma tensão variável, que nada mais é do que o sinal de áudio. Diferente do microfone dinâmico, o microfone condensador precisa do Phantom Power  uma alimentação de 48 volts vinda da mesa) pra funcionar. Os microfones condensadores tem uma sensibilidade maior que os microfones dinâmicos, fazendo com que eles captem à uma distância maior e com mais detalhes.


MICROFONES DE FITA


Esses não são muito usados no som ao vivo, são usados mais em estúdios para a captação de alguns instrumentos. O funcionamento do microfone de fita é parecido com o microfone dinâmico, pois ao envés de ter um diafragma com uma bobina, o microfone de fita funciona com uma fita sanfonada de alumínio disposta verticalmente perto do imã. O som faz vibrar a fita de alumínio, e o campo eletromagnético causado pelo imã faz com que haja uma tensão, que é um sinal de áudio.



Existem mais tipos de microfone como o de eletreto (usados nos celulares), shotgun (usado em produções audiovisuais) e outros, porém esses três são os principais.




PADRÃO POLAR DOS MICROFONES 

Padrão polar (ou figura polar) é o ângulo de captação dos microfones. Uns microfones captam os sons que vem na frente e rejeitam o som que vem atrás, outros captam frente e trás e rejeitam dos lados, e por aí vai. Existem três padões polares conhecidos: cardióide, bi direcional (ou figura 8) e omnidirecional. 


CARDIÓIDE 

 Microfones cardióides são aqueles que tem uma captação em 180 graus, ou seja: captam o som que vem na sua frente, dos lados e rejeitam o som que vem atrás. Microfones cardióides são muito utilizados nos palcos, pois rejeitam o som que vem das caixas de retorno, posicionadas atrás. Dentro do cardióide existem dois subtipos: 

Super Cardióide: Tem uma captação dianteira mais refinada e captam um pouco atrás 

Hiper Cardióide:  Tem uma captação traseira maior que o Super Cardióide


BI DIRECIONAL (OU FIGURA 8)

Esse microfone capta os sons vindos na frente e atrás, ignorando os lados. Seu espectro de captação tem um desenho de um 8 (por isso "figura 8). 


OMNIDIRECIONAL

Microfone omnidirecional tem a captação em 360 graus, ou seja: capta sons vindos de todas as direções. Esses microfones não são muitos indicados para a utilização em palcos, pelo fato de captarem o som vindo das caixas de retorno e de instrumentos e vozes presentes no palco, além do instrumento ou voz que ele está posicionado pra captar.


Uma coisa a se comentar é que, nos microfones dinâmicos, independente do padrão polar, existe o chamado "Efeito Proximidade". Quando eu aproximo o microfone a boca da pessoa ou do instrumento, mais grave eu tenho e quando eu afasto, menos grave eu tenho. Outra coisa a se comentar sobre microfones é: NUNCA UTILIZE UM MICROFONE SEGURANDO PELO GLOBO. Muitas pessoas seguram os microfones pelo globo, tapando a cápsula. Isso faz com que o som fique abafado, além de alterar todo o padrão polar do microfone, facilitando o surgimentos de microfonias. Também é errado utilizar microfones na altura da barriga, como alguns pastores costumam utilizar. A forma mostrada na imagem abaixo é a forma ideal de utilização.




E a tal da microfonia?? 


Microfonia é uma coisa que acontece quando o microfone capta o som proveniente das caixas de som do mesmo sistema. O microfone capta o som, esse som vai pra mesa de som, depois vai pros amplificadores e por fim sai na caixa de som, certo?? A microfonia acontece quando esse som é captado novamente pelo microfone, gerando um loop. Com isso, as frequências que estão sobrando começam a apitar e surge aquele zumbido chato. Uma ótima solução pra acabar com a microfonia é abaixar o volume do microfone ou da caixa de som que está próxima a ele. As vezes também é necessário um reposicionamento das caixas de som, de forma que som que sai delas não seja captado pelo microfone. A acústica do ambiente também pode causar microfonias, visto que ambientes fechados tem reverberação, e isso acaba colaborando para que o nosso microfone lá capte o som da caixa de som. 

Na prevenção contra microfonias, também ajuda retirar as "sobras" de frequência no ambiente, com um equalizador gráfico.


Bom... é isso. Semana que vem falaremos como o sinal de áudio é transportado para as mesas de som. Falaremos sobre cabos, sobre cabos balanceados e desbalanceados e tipos de conectores.

Até semana que vem


Referências:

https://www.avmakers.com.br/blog/direcionalidades-nos-microfones-como-funciona-cada-padrao-polar/

sexta-feira, 3 de abril de 2020

O que é SOM??


 Antes de começar a falar sobre microfones, mesas, caixas e tudo mais, vamos falar sobre o SOM. O que é SOM?? Se eu fosse fazer essa pergunta pra várias pessoas, ouviria delas respostas das mais variadas, algumas certas e outras nem tanto. Nesse texto, iremos falar sobre ondas sonoras, como elas se propagam no ambiente, sobre frequência, comprimento de onda, período, a forma como nosso ouvido percebe o som e DB SPL


O SOM 

 Vamos pensar no som como onda sonora. O som nada mais é do que uma onda mecânica, e como toda onda mecânica, precisa de um meio para se propagar, e o meio mais conhecido é o ar. Aliás, uma coisa: não existe som no espaço, sabiam disso?? Porque lá não existe ar. Quem aqui já jogou pedra em um rio?? Eu já, muitas vezes. Quando você joga pedra na água, existem ondas que se formam no local onde a pedra caiu e viajam pela superfície da água em formato circular, do jeito que está exemplificado na imagem a seguir, exatamente desse jeito que as ondas sonoras se propagam pelo ar. Também não podemos esquecer que o som é uma onda longitudinal, ou seja, se propaga em uma direção.




 No livro "Manual Prático sobre Acústica", o saudoso escritor Sólon do Valle nos traz uma informação importante sobre áudio. Segundo ele, existe três formas de ondas de áudio: no ar, que é o que nós estamos comentando; no corpo sólido e em circuitos elétricos. No ar, nós chamamos de SOM, em corpos sólidos chamados de VIBRAÇÃO e em circuitos elétricos, chamados de SINAL DE ÁUDIO. Importante também dizer que o som, assim como toda onda mecânica, sofre interferência das condições do meio em que se propaga. No caso do ar, a temperatura do ambiente e a pressão atmosférica influenciam na velocidade de propagação do som. A velocidade de propagação do som é uma informação que os técnicos usam na hora de fazer o alinhamento do sistema. 


Agora que já sabemos o que é som e como ele se propaga pelo ar, vamos ver como alto falante gera o som. O alto falante, pra quem não sabe, é um transdutor, e o que é um transdutor?? É um objeto que transforma uma forma de energia em outra. A resistência do seu chuveiro é um transdutor, pois transforma energia elétrica em térmica. A lâmpada da sua casa é um transdutor, pois transforma energia elétrica em energia luminosa. Todo objeto que transforma uma forma de energia em outra é um transdutor, certo?? Pois bem, nosso alto falante lá transforma impulsos elétricos em energia acústica. O sinal chega no falante e vai para uma bobina, que está em volta de um imã. O campo magnético do imã faz com que a bobina movimente o cone, causando movimentos de compressão e descompressão no ar. Devemos lembrar que o sinal de áudio é um sinal alternado, ou seja: alterna entre o positivo (+) e o negativo (-). Quando o sinal é positivo, o cone do alto falante se movimenta para fora. Já quando o sinal é negativo, o cone se movimenta para dentro. Como já disse, o cone do falante se movimenta causando compressão e descompressão no ar. Quando é descompressão, nós chamamos de "rarefação", que é quando as moléculas de oxigênio estão mais separadas entre si, ou seja: o ar está rarefeito. Já na compressão, as moléculas de oxigênio estão mais próximas, ou seja: o ar está mais denso. O período entre a compressão e rarefação nós chamamos de "ciclo".



Ok, eu sei que a imagem não é das melhores, mas acho que deu pra entender. Os pontos pretos na imagem representam as moléculas de ar. 



AS FREQUÊNCIAS


Bom... já sabemos o que é ciclo, então acho que já dá pra falar sobre frequência. O que é frequência?? É uma quantidade determinada de ciclos por segundo, e ela é expressa em Hertz (Hz). Então, 250 hertz são 250 ciclos por segundo. O cone do nosso alto falante movimenta-se para cima e para baixo 250 vezes por segundo e detalhe: quanto maior for a frequência mais agudo é o som, e quanto menor for a frequência mais grave é o som. Também devemos lembrar que, assim como outras unidades de medida, acima dos 1000 pra cima a gente coloca o "kilo" atrás, de forma que 1000 Herz é 1 KiloHertz, ou 1 KHz. 

E lembram que eu disse que o sinal de áudio é um sinal alternado?? Pois é... um sinal de 60 Hertz por exemplo, é um sinal que alterna entre o positivo e o negativo 60 vezes por segundo. Não só áudio, mas tipo: a rede elétrica brasileira é de 60 Hertz, ou seja, alterna entre o positivo e negativo 60 vezes por segundo.

O ouvido humano é capaz de captar sons entre 20 Hz e 20 KHz, ou seja, 20 Hz o mais grave e 20 KHz o mais agudo. O som entre essa faixa de 20 Hz e 20 KHz, nós chamamos de "áudio" Abaixo disso nós chamamos de frequências "infrassônicas" e acima disso, nós chamamos de frequência "ultrassônicas". Aliás, um adendo aqui: o aparelho ultrassonografia nada mais é do que um emissor de som a uma frequência mais alta do que nós conseguimos ouvir. Só pra constar, existem animais que conseguem perceber mais sons do que o ser humano, o cachorro mesmo ouve até 30 KHz. Importante também dizer que frequências muito altas causam dores nos ouvidos. 

Para que você compreenda melhor sobre frequências, deixo aqui esse vídeo do Youtube. Lembrando que a reprodução delas dependerá da faixa de resposta das suas caixas de som. Recomendo que utilize fones de ouvido de boa qualidade. 






 A AMPLITUDE DE ONDA

Amplitude de onda é a distância entre a crista da onda, ou seja, o ponto mais alto da onda, e o ponto de repouso. É a distância do ponto de repouso do cone do alto falante (ponto que ele fica quando está sem som) e o ponto máximo do excursionamento dele. Quanto mais grave for o som, maior é a amplitude de onda 

O PERÍODO 

É o tempo de duração de cada ciclo. Em outras palavras, é o tempo que uma onda demora para se propagar. A gente acha o período de uma onda dividido o número 1 (que representa 1 segundo) por ela.

Exemplo: o período de uma onda de 250 Hertz:

Período:  1   = 0,004 segundos, ou seja: 4 milisegundos
             250

O período de onda é levado em conta na hora em que vamos ajustar o compressor, para não "matar" o som de instrumentos como o bumbo de bateria, por exemplo


O COMPRIMENTO DE ONDA


É a distância entre dois pontos similares na onda. É a distância que um ciclo se propaga. A gente acha o comprimento de uma onda dividindo a velocidade do som por ela. O comprimento de onda medido em metros e é representado pela letra grega lámbda (λ)


Exemplo: o comprimento de onda de 200 Hertz a uma velocidade do som de 344 metros por segundo

λ = 344 = 1,72 
      200



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DB SPL

SPL vem do inglês "Sound Pressure Level", que traduzido pro português, é "Nível de Pressão Sonora", e DB vem de Decibel, que é a unidade de medida que usamos para medir o som. É uma medida logarítmica que é usada para medir o nível de pressão sonora de uma caixa de som ou de um ambiente. Aliás, vou fazer uma pergunta pra vocês: uma caixa de 500 Watts fala mais alto do que uma caixa de 200 Watts?? As pessoas que não entendem de áudio, ao comprar uma caixa de som ou alto falante automotivo, levam em conta somente a potência. O que é DB SPL em uma caixa de som?? É a quantidade de pressão sonora que aquela caixa pode emitir, e sendo isso, então uma caixa que tem 200 Watts de potência e 97 de DB SPL, fala mais alto do que uma que tem 500 Watts e 94 de DB SPL. Eu pretendo abordar esse assunto de forma mais ampla quando estiver falando sobre sensibilidade de alto falante, que aliás vou falar o porque de não se usar alto falante automotivo em som profissional. Nós usamos DB SPL não só pra escolher caixa de som, mas também para fazer projetos em igrejas, bares e tals, pois descobrindo o quando de DB SPL aquele ambiente necessita, a gente sabe qual caixa utilizar. Para isso, tem que saber mexer com logaritmos, pois o decibel é uma medida logarítmica 


Pois bem gente, por hoje é isso. Eu ia falar sobre fase também, mas preferi guardar pra quando estiver falando sobre processamento e delay. Já que nós já temos uma noção sobre o que é som e como as ondas sonoras se propagam no ambiente, semana que vem falaremos sobre como som é captado. Falaremos sobre tipos de microfones (dinâmicos, condensadores e etc), sobre os padrões de captação dos microfones (cardióide, omnidirecional, figura 8 e etc), microfonia e tudo relacionado a microfones. 


Por hoje é isso. Até mais 


Referências: 

Do Valle, Sólon - Manual Prático de Acústica. Editora Música e Tecnologia, 2009